Tudo o que você precisou desaprender para virar um idiota - Resenha crítica - Meteoro Brasil
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Tudo o que você precisou desaprender para virar um idiota - resenha crítica

Tudo o que você precisou desaprender para virar um idiota Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Sociedade & Política

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Tudo o que você precisou desaprender para virar um idiota

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: B07YNYK8G2

Editora: Planeta

Resenha crítica

Teorias conspiratórias são irrefutáveis, mas isso não as torna verdadeiras 

Diante daqueles que creem em teorias conspiratórias, é impossível refutá-las. Mas isso não significa que elas são verdade, porque há ali uma questão de fé, não de prova.

Há alguns anos, poderíamos achar as teorias conspiratórias engraçadas, construídas por gente confusa e desinformada. Hoje, podemos perceber o quanto elas são nocivas e ganham espaço quando não são combatidas. 

Em geral, as teorias conspiratórias podem ser reconhecidas por meio de características muito próprias, desde uma das mais antigas. Podemos usar como exemplo o texto apócrifo “Os protocolos dos sábios de Sião”. Nele, há a acusação de que judeus e maçons tramavam a dominação mundial pela destruição da cultura ocidental. 

Publicado em 1921, repercutiu uma paranoia absurda, nunca comprovada e causadora de pânico naqueles que o levassem a sério. 

Pois bem: teorias conspiratórias justamente trabalham o pânico e planos de dominação mundial para acabar com algo. Têm sempre maneiras de discriminar minorias ou determinados grupos, como visto.

E precisam ser combatidas diariamente, tanto quanto muitos buscam eliminar o inexistente globalismo na política atual. 

Globalismo não existe 

Segundo os teóricos do globalismo, ele é um processo revolucionário em curso, disseminado pelo mundo. Na verdade, isso não passa de uma simplificação grosseira da geopolítica mundial.

Quando vemos a política externa brasileira conduzida por um chanceler interessado em livrar o país da ideologia globalista, vemos o quanto as teorias conspiratórias são nocivas ao mundo. 

O tal globalismo foi concebido originalmente em círculos conspiratórios norte-americanos no século XX. Criado por movimentos da extrema-direita detratores da globalização, pode ser resumido como uma forma de interligação planetária por todos os continentes. O movimento anti-globalismo é velho, arcaico e contestado, mas ressuscitado pelo governo brasileiro. 

Teóricos de respeito tratam o globalismo com desdém, como deve ser feito com teorias mirabolantes e grotescas. É também como devem ser tratadas as ameaças à moral judaico-cristã.  

A religião biônica mundial não ameaça a moral judaico-cristã

Segundo os ficcionistas lunáticos, há uma Religião Biônica Mundial, que ameaça a moral judaico-cristã, guia da civilização ocidental. O que eles não dizem é o quanto essa moral não passa de uma abstração, ganhando força de tempos em tempos.

Essa Religião Biônica Mundial não passa de ficção. Até porque, não podemos dizer que essa moral judaico-cristã é algo unificado e indivisível, já que judaísmo e cristianismo se fragmentam em diversos grupos. 

Há muitos judaísmos e cristianismos distintos, mudando com o passar do tempo. Sua moral não está em voga, porque não há uma única moral, evidentemente.  O medo de seu fim é tão esdrúxulo quanto temer o marxismo cultural...

O medo do marxismo cultural é uma invenção nazista

Os lunáticos das teorias da conspiração afirmam que a Escola de Frankfurt visava a  cultura judaico-cristã, instaurando o chamado. Na realidade, tais acusações ajudam a estruturar a ideia falsa do chamado marxismo cultural.

O termo ganhou força a partir do atentado na Noruega de 22 de julho de 2011, em que um terrorista matou 77 pessoas em um acampamento, reivindicando um combate ao marxismo cultural. 

Pois é importante ressaltar o quanto essa expressão foi criada pelos nazistas, segundo os quais o cinema, a música, a televisão e a literatura estariam separando o Ocidente de suas raízes culturais e religiosas. Balela, tanto quanto dizer que nazismo é um movimento de esquerda, ou que Antonio Gramsci foi doutrinado por Nicolau Maquiavel. 

Gramsci nunca foi maquiavélico

Embora tenha citado Nicolau Maquiavel em seus escritos, o filósofo Antonio Gramsci não era um vigarista maquiavélico. Tampouco é possível colocá-lo como um gramscista, conforme suas teorias. 

Atualmente, ele pinta como um vilão esquerdista que ensina a disseminar o tal do marxismo cultural pelas escolas, cinemas e todos os meios artísticos possíveis. Bem, precisamos separar ficção da realidade. Não há nada disso em sua bibliografia, pouco lida pelos seus detratores, que costumam também xingar os direitos humanos de diversas formas.

Direitos humanos não são uma ferramenta de dominação global

O conceito de direitos humanos é diariamente criticado, sendo visto pelos conspiracionistas como um pretexto para dar vantagens a minorias selecionadas que servem aos interesses globalistas. Mas, na realidade, ele protege a humanidade da auto-aniquilação. E globalismo sequer existe.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi concebida pela Organização das Nações Unidas em um documento de 1948, depois da Segunda Guerra Mundial.  

Pois ela apenas e tão somente preserva a vida e impede que arbitrariedades sejam cometidas. Quando atacamos os direitos humanos, damos um tiro no pé. Sem ela, viveríamos em uma selvageria, na barbárie. 

Politicamente correto é coisa da direita

Na ficção conspiratória, o politicamente correto teria sido criado para dominar-nos pela cultura. Mas o primeiro registro do termo surgiu na Suprema Corte dos Estados Unidos em meio a um governo republicano.

Há quem dê a Josef Stalin a pecha de criador do termo, mas isso seria impossível, tendo em vista que o termo surgiu em meados do século XIX e Stalin nasceu em 1878. 

E por mais que esta seja uma teoria daquelas estapafúrdias, a coisa pode piorar, com direito a um ex-presidente acusado de ser agente secreto.

Obama não é um agente da KGB

Pois é, chegamos à metade deste microbook e nos deparando com citações do 44º presidente dos Estados Unidos como agente russo infiltrado nos Estados Unidos, mesmo sem nenhum documento que comprove ou conclua sua subserviência à Rússia. 

Quem acredita nisso é capaz, inclusive, de deturpar o posicionamento político de outro grande líder negro? Sim, pode acreditar que sim.

Martin Luther King não era um anticomunista

Os teóricos da conspiração seguem dizendo que Martin Luther King Jr. passou a vida sendo perseguido por comunistas. Mas, na realidade, ele foi perseguido por quem perseguia comunistas. 

O FBI, que o monitorava muito de perto, era comandado por J. Edgar Hoover, ferrenho caçador de comunistas naquela época de macarthismo. 

Além de não ser anticomunista, Martin Luther King fazia críticas fortes ao sistema de economia dos Estados Unidos, ainda que seu maior foco tenha sido a questão racial. E ele tampouco incentivava ou recomendava a divisão por meio de castas, como falsamente se atribui à Psicologia. 

Nada na Psicologia nos recomenda um sistema de castas

Nesta ficção conspiracionista, a Psicologia diria ser inevitável a divisão da sociedade por meio de castas. Segundo ela, cada casta seria um tipo psicológico.

Pura balela: a divisão da sociedade em castas é um anseio da filosofia perenialista, uma escola criada entre o fim do século XX e início do XXI, cuja preocupação era o chamado fim das “formas tradicionais de conhecimento, tanto estéticas quanto espirituais, dentro da sociedade ocidental”. 

A divisão da sociedade em castas não tem nada a ver com Psicologia. Talvez Freud explique teorias conspiratórias, não sem antes ser vítima delas. 

Freud não defende o incesto

Freud nunca defendeu o incesto. Ele comparou diferentes culturas e viu que este ato é tabu em todas. A partir daí, formulou o complexo de Édipo, no qual há um potencial desejo da criança pela mãe, segundo a lenda de Édipo e Jocasta.

Muito diferente de pregar incesto, né? Nada como uma boa leitura para entender, de fato, como algumas coisas funcionam. O mesmo caso pode se aplicar aos estudos de gênero, tão temidos pelo conservadorismo moral de nossos dias.

Ideologia de gênero, não; estudos de gênero, sim

Falemos de algo inexistente. A ideologia de gênero, segundo seus detratores, visa a impor o aborto e a transformar meninos em meninas. 

Na realidade, existem estudos de gênero, que constituem um campo real do conhecimento que nunca se propôs a mudar a sexualidade de ninguém. Apenas uma sociedade homofóbica poderia criar uma abstração desse ponto, e outras mais.

Todo homofóbico vive em um mundo salvo por um membro da comunidade LGBTQI+

Quando ouvir alguém bradando que nenhum membro da comunidade LGBTQI+ contribuiu para a história da humanidade, lembre-se da gente preconceituosa a Alan Turing, matemático que desvendou códigos usados pelos alemães na Segunda Guerra Mundial, ajudando a derrotá-los. 

Não há sociedade livre de drogas

As políticas públicas sobre drogas de sucesso são complexas demais para se reduzirem a uma proibição que gera mortes, guerras e poucos resultados. Séculos antes do nascimento de Cristo, as diversas sociedades já usavam substâncias entorpecentes.

Aquela cervejinha também é uma droga. Alguma embriaguez parece necessária nas diversas civilizações. E elas só podem evoluir por meio da ciência e do conhecimento. 

Método científico, vacinas, Terra plana

Com a ciência sob ataque, até mesmo por governos, é importante ressaltar que o método científico é uma construção milenar fundamental para a comprovação de teses e avanços tecnológicos.

Foi por meio dele que descobrimos a eficiência das vacinas, sem as quais há mortes, doenças, epidemias e menos expectativa de vida. 

Também foi o método científico o responsável pela descoberta de que, sim, a Terra é redonda e gira ao redor do Sol, como comprovado há séculos. Não dê bola a essas teorias sem fundamento científico, nas quais o nosso planeta seria plano. E ele está em risco, com mudanças climáticas sendo contestadas tanto quanto a ciência. 

Combustíveis fósseis e mudanças climáticas

Os combustíveis fósseis não podem ser queimados por toda a vida sem prejuízos ao planeta. Isso é comprovado cientificamente, tanto quanto as mudanças climáticas causadas por sua queima e por outros costumes nocivos ao planeta. 

Você pode querer acreditar em fadas e duendes, isso não significa que eles vão, de fato, existir. O mesmo se aplica ao colapso do clima, alertado por cientistas nas últimas décadas. 

E isso trará muitas consequências, tanto quanto episódios do passado têm seus efeitos sentidos ainda hoje. 

A escravidão existiu e suas consequências são sentidas no presente 

Em pleno 2019, há quem não acredite na existência do período da escravidão, colocando os próprios negros como seus responsáveis. 

Pois os portugueses foram pioneiros no tráfico negreiros, cruzando o Atlântico com africanos acorrentados e submetidos à degradação humana por aqui,. Ppor 300 anos. 

Acreditar que nada disso afeta a realidade dos negros atualmente é, no mínimo, uma percepção equivocada da realidade, não? 

Por falar em percepção equivocada da realidade, há mais alguns chavões populares que merecem ser esclarecidos. 

Foro de São Paulo, Lei Rouanet, “mamatas”, universidades públicas e Paulo Freire

O Foro de São Paulo nunca foi escondido pela mídia, tampouco é uma organização secreta. Na verdade, trata-se de reuniões de grupos e partidos de esquerda do continente, discutindo os rumos das Américas. Sempre publicamente, há material vasto no próprio YouTube com matérias e entrevistas de seus componentes.

Quanto à Lei Rouanet, não há mamatas, apenas renúncia fiscal a empresas privadas que patrocinam artistas, facilitando a sua captação de recursos. 

E as universidades públicas são responsáveis por mais de 95% das pesquisas brasileiras. Não há balbúrdia ou mamata, como se tenta disseminar por aí. 

Além disso, o temido Paulo Freire não é o culpado pelos resultados ruins da educação brasileira. Afinal, ele nunca foi suficientemente levado a sério por aqui e seus métodos foram pouco usados como política pública no Brasil 

Notas finais 

Um meteoro vem para destruir tudo à sua volta. No caso do Meteoro Brasil, ele explode o senso comum e equivocado sobre as questões importantes, como saúde e educação. 

Neste Tudo o que você precisou desaprender para virar um idiota, o nome que faz alusão ácida ao best-seller O mínimo que você precisa saber para não ser idiota, as teorias conspiratórias são destruídas como se atingidas por um fenômeno vindo dos céus. 

Neste caso, a intelectualidade destrói a ignorância e o descrédito à ciência, que vêm manipulando multidões de eleitores na política mundial. 

A leitura deste microbook transforma idiotas em incentivadores do conhecimento real, sem mirabolantes teorias estapafúrdias. 

Dica do 12’

Complemente seu aprendizado sobre a sociedade contemporânea lendo o microbook Direitos Máximos, Deveres Mínimos, uma ácida crítica à organização do Estado e a privilégios concedidos pelos governos. 

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Quem escreveu o livro?

Meteoro Brasil é um canal do YouTube reconhecido por fazer aprofundadas e interessantes análises de teorias da conspiração, promover debates com seus seguidores e assim por diante. C... (Leia mais)

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