O andar do bêbado - Resenha crítica - Leonard Mlodinow
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O andar do bêbado - resenha crítica

O andar do bêbado Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Ciência

Este microbook é uma resenha crítica da obra: The drunkard's walk: how randomness rules our lives

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-8537801550

Editora: Zahar

Resenha crítica

Olhando pela lente da aleatoriedade

É comum optarmos, automaticamente, por processos intuitivos na hora de fazer escolhas em momentos de incerteza. Essas atitudes deram vantagem ao ser humano no processo evolutivo. Foi assim que nossos ancestrais perceberam os perigos da vida selvagem. 

Ao relatar o período da adolescência, o autor lembra do próprio pai contando sobre como escapou de um campo de concentração nazista. Foi por mero acaso que não morreu de fome. Não é possível explicar matematicamente como se deparou com um pão, que precisou roubar para comer e sobreviver. 

O mesmo mecanismo se aplica para entender, por exemplo, os movimentos tremulantes de uma chama queimando. Mesmo com vento e outras condições de temperatura, é o acaso que determina para que lado o fogo vai se movimentar. De maneira semelhante, nem sempre a ciência consegue explicar os efeitos do acaso na vida prática.

Leis das verdades e das meias verdades

Se você olhar para o céu limpo numa noite qualquer, poderá detectar milhares de fontes de luz. No meio de tantas estrelas, é possível enxergar padrões. Essa capacidade do olho humano é uma vantagem, mas também uma deficiência. 

Reconhecer padrões foi o que levou o físico Isaac Newton a esboçar a lei de gravitação universal. Também é pelos padrões que se percebe a melhora ou a piora do desempenho esportivo entre atletas de alto nível. Os padrões estão por toda a natureza. 

A teoria da aleatoriedade codifica o bom senso e demonstra, sutilmente, que nem sempre os padrões se repetem automaticamente. E quando o acaso chuta os padrões, ele coloca por terra experimentos científicos que provariam determinadas teorias científicas. 

Aleatoriedade, sorte e azar

Foi só no século 16 que surgiu o primeiro livro a tratar sobre a teoria da aleatoriedade, escrito por Gerolamo Cardano e publicado de forma póstuma, O livro dos jogos de azar trata das incertezas e probabilidades nas apostas. As reações de jogadores em meio às partidas são debatidas em 32 capítulos curtos. 

Trata-se de uma análise racional, que não causou muito barulho naquela época, mas até hoje é usada como base para reflexões sobre sorte e caminhos da probabilidade. Antes desse livro, as explicações sobre sorte e azar no jogo eram atreladas a ordens da natureza ou dons divinos, sem levar em consideração a aleatoriedade de combinações múltiplas.

De lá para cá, outros estudiosos trataram das probabilidades e da aleatoriedade em experimentos e teorias. Um bom exemplo é Galileu Galilei. Quando demonstra que um dado tem as mesmas chances de cair em qualquer um dos seis lados, ele coloca à prova a aleatoriedade da natureza. Sem favorecer nenhum dos lados, o acaso define qual número ficará para cima ou para baixo.

E esse mesmo acaso derruba leis da ciência porque bagunça padrões, gerando falsos resultados positivos, criando falácias quando não se leva em conta a aleatoriedade.   

A medição e a Lei dos Erros 

Chegamos à metade desse livro lembrando que é comum validar fatos usando números. Se você ganha uma nota em uma escala que vai de zero a dez, é sinal que seu desempenho, bom ou ruim, está bem explicitado com um número correspondente. Mas o que diferencia uma nota 9,2 para um 9,8? 

A resposta está na medição, sujeita a erros e carregando o peso da incerteza. Elas também são subjetivas e sujeitas a aleatoriedades. Desde a precisão do instrumento de medida até à habilidade de quem faz determinada medição. O operador de uma avaliação está sujeito à Lei dos Erros. Ambos estão sujeitos a aleatoriedades que distorcem nossa percepção, mesmo sobre fatos científicos.

A ordem no caos 

Associar aleatoriedade a desordem é comum, mas errado. Como exemplo, imagine um grupo de 200 milhões de motoristas. Seu comportamento no trânsito varia de um jeito imprevisível, mas o comportamento geral do grupo, como um todo, é ordenado. 

O mesmo acontece em outros grandes grupos, em que os pequenos comportamentos são aleatórios, podendo prejudicar uns aos outros. Mas cada um deles se combina num grande conjunto, gerando ordem no caos. Dessa forma, embora existam variações, a natureza tem uma ordem geral. E segue em frente. 

Ilusões de padrões e padrões de ilusão

Nossa percepção do mundo ao redor necessita de imaginação. Os dados a que somos expostos durante a vida nunca são completos, mas sempre ambíguos. Se você pensa que um fato é real porque foi visto com seus próprios olhos, é normal que você seja iludido por padrões preestabelecidos. 

Campo de visão e bagagem cultural, por exemplo, interferem diretamente na lembrança de um fato acontecido. Não é à toa que testemunhas oculares não são levadas em conta em julgamentos, pois outras variáveis precisam ser consideradas. Aqueles mesmos padrões, quebrados pela aleatoriedade, iludem a percepção sobre o mundo ao redor.

O andar do bêbado

Você já ouviu alguém falar que as consequências de nossas atitudes em um ambiente, combinadas  às nossas qualidades pessoais, darão um resultado certo? Esse determinismo é comum de ser levado em conta na vida cotidiana, mas o mundo não é totalmente ordenado. Nem todos os fatos podem ser antecipados, computados e previstos. 

O acaso nos leva para um lado qualquer, como o andar de um bêbado, que pode ir tropeçando até chegar em casa, ou ser atropelado, caso se desequilibre na calçada e caia numa rua movimentada. 

O universo trabalha como um bêbado, andando calmamente. Até sabemos onde chegar. Mas as aleatoriedades no meio do caminho influenciam tanto nossa pequena vida prática quanto as leis gerais da física, da química e da ciência em geral. 

Notas finais 

Fica claro que nem tudo tem uma explicação baseada na causalidade. Uma doença grave, por exemplo, pode vitimar mesmo quem tenha hábitos saudáveis. Quem não conhece um caso do tipo? Não tem jeito. A aleatoriedade precisa ser levada em conta ao analisar um mundo, por vezes, inexplicável. O acaso está por aí, à espreita, unindo caos e ordem ao redor de todos nós. 

Dica do 12’

Dá para aprender um pouco mais sobre a aleatoriedade interferindo em nossas vidas ouvindo o microbook As leis do acaso. Que tal?

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Quem escreveu o livro?

O autor é um físico norte-americano, famoso pela publicação de livros de... (Leia mais)

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