Como pensar e viver melhor - Resenha crítica - Rolf Dobelli
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Como pensar e viver melhor - resenha crítica

Como pensar e viver melhor Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Psicologia

Este microbook é uma resenha crítica da obra: The art of the good life

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-4700-092-9

Editora: Objetiva

Resenha crítica

Contabilidade mental 

Você é do tipo de pessoa que sempre se irrita quando se depara com uma situação adversa? Se for o caso de sofrer um prejuízo financeiro, o sangue sobe e acaba perdendo o controle, sem saber o que fazer, culpando Deus e o mundo? Responda com sinceridade: alguma vez isso já resolveu os seus problemas? Perder a cabeça melhorou o quê? 

Quando as coisas não dão certo, o melhor a fazer é sorrir e seguir em frente. Rolf Dobelli dá como exemplo as vezes em que levava multas no trânsito. No começo, ele se irritava muito, mas essa raiva não adiantava praticamente nada, pois ele teria que pagar pela infração do mesmo jeito. Hoje, ele apenas sorri e busca ficar mais atento da próxima vez.

Existe um truque simples de psicologia chamado contabilidade mental, elaborado pelos fundadores da economia comportamental. Costumamos tratar o dinheiro de forma diferente, de acordo com a origem dele. Quando achamos uma nota de cem na rua, por exemplo, ela é tratada com menos apego do que o dinheiro suado e a tendência é o gasto mais rápido, porque ela veio com mais facilidade. 

Usando o mecanismo da contabilidade mental, Dobelli criou um fundo para fazer ações de caridade e também passou a usá-lo quando é multado. Deu um jeito de enganar o cérebro para ter mais tranquilidade e ficar menos irritado com esse prejuízo que tem de vez em quando. Essa ferramenta de enganar a si próprio pode ser útil para manter a tranquilidade e também a saúde mental. 

Use a contabilidade mental não só para uma questão financeira como esta, mas para os dias de irritação. Brinque com seu cérebro, faça ele se sentir enganado. Atrele uma boa ação ao momento de raiva. Assim ela passa mais rápido do que você imagina. 

A arte da correção de rumo

A vida é muito parecida com um avião ou um carro percorrendo um caminho. Traçamos uma rota e iniciamos a viagem. Por mais que tudo esteja dentro do planejado, com a revisão feita e os equipamentos mecânicos em dia, no meio da estrada ou do voo, é possível que um imprevisto nos obrigue a mudar de rota para chegarmos em segurança no destino final.

Quantas vezes você não estruturou tudo do jeito perfeito? Formação profissional, carreira, vida amorosa, família, tudo colocado no papel para a viagem não sair dos trilhos. E no meio do caminho parece dar tudo errado e você se pergunta se os planos não eram tão bons quanto pareciam.

Na hora dessas turbulências, lutamos contra intempéries meteorológicas, estradas esburacadas e trânsito excessivo. Tudo porque superestimamos a configuração inicial e subestimamos a correção de rota. Se for preciso mudar o caminho, seja flexível. O destino final continua o mesmo, mas em alguns momentos é preciso pegar outra estrada. 

Não tem problema algum nisso. O importante é chegar lá, mesmo corrigindo o GPS.

A ilusão da introspecção

Você é capaz de descrever as próprias emoções? Olhe ao redor e pense em cada objeto próximo. Tente descrevê-los de um jeito bem detalhado. Agora, pense nas suas emoções. Como você se sente ao olhar para tudo que lhe cerca?

É bem possível que tenha alguma dificuldade para realizar essa descrição dos sentimentos e emoções. Não se preocupe, isso não tem a ver com uma falta de habilidade para usar as palavras. Perceber as próprias emoções é realmente uma tarefa bem difícil para o ser humano. 

Mesmo se você for do tipo mais introspectivo, não pense que isso facilita a identificação dos acontecimentos aí dentro do peito, não! É sempre mais fácil perceber as emoções dos outros do que as próprias, muitas vezes incontroláveis. Leve as emoções a sério, principalmente a dos outros, porque isso lhe ajuda a prever situações e ler o comportamento das pessoas ao redor.

Quanto aos seus próprios sentimentos, sempre que sentir algo estranho e não souber explicar, fique tranquilo. É normal, muito normal. 

A armadilha da autenticidade

Quem não gosta de conviver com pessoas autênticas? É possível saber o que elas pensam e sentem, o que passa pela cabeça e o que estão tramando. Indivíduos sinceros o tempo todo, que não se preocupam em esconder os próprios pensamentos, acabam se tornando agradáveis, estreitos e eficientes.

Hoje, a autenticidade é uma das qualidades mais valorizadas no mundo. Existem muitos livros falando de uma liderança autêntica e mesmo palestras de coaching treinando sobre como demonstrar autenticidade. 

Mas qual é o nível de autenticidade aceitável? Por mais que esta seja uma qualidade desejável, a autenticidade intensa pode provocar problemas sociais e mesmo de aceitação com outras pessoas. Ou você consegue ser totalmente autêntico e dizer para a própria mãe que não está nem um pouco afim de aparecer naquele almoço de domingo?

A boa autenticidade tem limites. Saber falar é uma qualidade tão desejável quanto saber se calar na hora certa.

O círculo de competências 

Passamos da metade deste microbook para falar em habilidades. Quais são as suas competências? E quais as áreas das suas deficiências? 

A primeira pergunta é mais fácil de responder, enquanto a segunda pode gerar algum desconforto. Mas não se preocupe, você precisa conhecer os próprios limites para saber onde precisa trabalhar melhor e em que pontos rende mais.

Ninguém é capaz de entender o mundo por completo, complicado demais para ser absorvido pelo cérebro humano. Desenhe um círculo num papel e marque suas competências. Isso é autoconhecimento e percepção das limitações, indicando quais os melhores caminhos para percorrer.

Sem ter a percepção das próprias competências e deficiências de habilidade, nunca será possível organizar melhor os pensamentos e traçar as melhores rotas no caminho para o sucesso. 

Seus dois "eus"

Existem duas pessoas com as quais você convive diariamente, está muito familiarizado, mas não conhece por como os dois “eus”. Seu “eu” que experimenta é responsável pela parte da consciência que vive o momento atual. Já o seu “eu” que se lembra processa todos os fatos vividos e a partir daí cria interpretações e cenários sobre passado, presente e futuro. 

O primeiro “eu” percebe o mundo, tem sensações, toma decisões imediatas e toca a vida. Segundo estudos científicos, depois de três segundos dos acontecimentos, é o segundo “eu” quem toma conta do processamento dos fatos passados. 

Por isso, muitas vezes temos a impressão de que as coisas aconteceram um pouco diferente do que vimos no momento vivido. A memória é uma criação frequente. Muitas vezes, reinterpretamos o passado e vemos a própria vida de uma maneira diferente. 

Faça um exercício. Busque uma experiência marcante da sua vida e tente rememorar passo a passo. Depois, vá interpretando as causas e as consequências daquilo até os dias de hoje. Como você pensa tudo aquilo? Mudou muito? Deu para sentir a diferença entre os dois “eus”, o da época e o de agora? 

Ler menos, mas em dobro

Nós não sabemos ler direito e você já deve ter visto muitas notícias retratando os problemas de interpretação de texto da população em geral. Esse é um grande problema e por isso a leitura precisa ser incentivada diariamente.

A biblioteca particular de Rolf Dobelli tem cerca de 3 mil livros, mas ele relata ter lido apenas um terço do acervo, iniciado a leitura de outros 30% e o restante dos livros sequer foi aberto. Uma vez por ano, Dobelli faz uma arrumação e joga alguns fora, especialmente os muito velhos. 

Ao reparar nas lombadas dos livros, Dobelli percebe que nem consegue descrever ou lembrar o assunto principal de boa parte dos seus livros. Isso também acontece quando se depara com reportagens, ensaios e outros formatos de textos que surgem diariamente à disposição. É uma pena, mas pouco daquilo fica retido na mente porque não há tempo para estudar absolutamente tudo. 

Em compensação, Dobelli se sente lendo em dobro ao perceber que quando lê aquilo de seu verdadeiro interesse, a concentração é total. Sabemos o quanto o tempo é cada vez mais escasso numa rotina tão corrida quanto a de agora, mas a leitura atenta faz toda a diferença.

Como já dissemos, somos limitados. E é impossível ler tudo de bom que aparece por aí, por mais frustrante que isso possa parecer para os mais aficionados na leitura. Concentre-se no que é de seu interesse real. Leia com atenção quando puder, nos momentos da certeza de não haver interrupção. Mesmo em pouca quantidade, essa leitura tem o dobro de intensidade e efetividade.

Sucesso interior

Como é possível ser bem-sucedido interiormente? Um passo importante é se concentrar apenas nas coisas que você pode influenciar, eliminando o restante. Enquanto os bens materiais perdidos podem ser recuperados, com ganhos e perdas sendo fortemente influenciados também pelo acaso, o sucesso interior pode ser trabalhado.

Olhe para dentro de si o tempo todo e tente direcionar a própria vida, aplicando esses conceitos no dia a dia e buscando a paz interior. Só ganha uma corrida quem é capaz de traçar o próprio caminho. Mesmo quando a competição seja interna, pelo próprio bem-estar individual.

Notas finais 

É possível ter uma vida melhor, trabalhando na maneira de pensar de um jeito mais saudável para nós. Isso traz bons resultados na vida profissional e também na vida pessoal. A maior lição deixada por Rolf Dobelli é que os pequenos detalhes e o autoconhecimento são capazes de transformar nossa vida por completo. 'Bora colocar tudo isso em prática?

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Quem escreveu o livro?

Também autor de A arte de pensar claramente, o suíço é formado em ciências empresariais, escritor no tempo... (Leia mais)

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