A Economia das Crises - Resenha crítica - Nouriel Roubini
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A Economia das Crises - resenha crítica

A Economia das Crises Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Economia

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: B00JG3381A

Editora: Intrínseca

Resenha crítica

O comportamento dos mercados

Pouca gente para e pensa com critério nos motivos que levam os mercados a falharem, gerando catástrofes econômicas. Empresas quebram, trabalhadores perdem o emprego, o consumo cai em níveis preocupantes e governos, de todos os vieses ideológicos, buscam respostas para um retorno à normalidade. 

Geralmente, grandes pensadores da economia buscam explicar como e por que os mercados funcionam, elogiando conquistas, dissecando ferramentas de crescimento e culpando entes externos quando tudo dá errado. 

Como exemplo, podemos citar a tão falada mão invisível.  Essa metáfora, criada pelo pensador escocês Adam Smith no livro "A riqueza das nações", prega a ausência quase total de interferência do Estado na economia. Assim, supostamente, uma autorregulação permitiria um melhor funcionamento dos personagens do mercado financeiro e da iniciativa privada, além de impactar positivamente na condição de vida das pessoas. 

Mas é importante ressaltar que esse processo não é miraculoso. Afinal, o conflito entre interesses egoístas de atores econômicos individuais pode, sim, levar a escolhas equivocadas, como a história já demonstrou em diversas ocasiões. 

Protagonistas do mercado financeiro costumam ignorar, convenientemente, as vulnerabilidades do capitalismo. Via de regra, colocam neste sistema o motivo principal para triunfos e conquistas econômicas. Mas quando há crises monumentais, o culpado é sempre um agente externo. Evidentemente, este é um caminho muito fácil de ser trilhado. 

As crises e os economistas

Quando perguntados sobre os motivos da economia ter ciclos de expansão e retração, com crises monumentais surgindo de tempos em tempos, é comum ouvir dos especialistas uma variedade de respostas. 

Há quem diga que a interferência dos governos no mercado é a principal causadora das baixas. Outros são taxativos ao dizer que o Estado não intervém o suficiente para reduzir desigualdades, acabar com distorções, estabelecer regras justas e fiscalizar devidamente o sistema financeiro. 

Existem economistas capazes de negar com veemência o surgimento de qualquer problema nos mercados. Segundo eles, tudo corre normalmente. Afinal, os preços de imóveis, por exemplo, crescem a perder de vista, mas depois se desvalorizam naturalmente, em uma autorregulação brecando o surgimento de bolhas. 

A coisa piora. Outros especialistas desdenham das crises. Para estes, trata-se de uma ilusão criada pelo interesse na especulação e no medo como forma de manipular incautos. 

Em todos os casos, as respostas são muito bem elaboradas e cheias de certezas, como se em cada teoria não houvesse brechas a serem aprimoradas para uma efetiva instabilidade da economia global, afetando milhões de cidadãos pelo mundo. 

Entre verdades absolutas e divergências casuais, a certeza é de que sempre haverá uma nova crise. Seja a curto, médio ou longo prazo, o sistema econômico se mantém, quebrando e sendo resgatado periodicamente. 

Métodos

Muito antes da crise de 2008, que levou bancos à falência nos Estados Unidos trazendo efeitos nefastos e duradouros para a economia mundial, os sinais eram claros. Algo não ia bem, mas poucos abriram os olhos. 

Poucas pessoas acreditavam na gravidade da crise prestes a estourar desde os primeiros indícios da bolha prestes a estourar. O próprio Nouriel Roubini foi taxado como catastrófico quando tentou alertar o mundo sobre o risco da bolha estourar. 

Quando a tragédia aconteceu, analistas queriam entender seus detalhes. Era tarde demais para quem fechou os olhos. 

Um comportamento natural em momentos antes de crises é a negação. Não parece ser crível a derrocada, já que tudo parece tão tranquilo. Nesses casos, economistas nunca pensam no pior e depois da tragédia recorrem à teoria do cisne-negro para explicar os motivos do que aconteceu. 

O termo é usado para se referir a eventos muito raros e impossíveis de prever, mas com poder de transformação tão grande que faz quebrar todo o sistema econômico. De tão confiantes no sistema financeiro, seus personagens se tornam incapazes de notar como a economia mundial está embasada em vulnerabilidades que fazem repetir ciclos perversos de fortes declínios. 

Para os descrentes nas crises, sempre é um acidente, nunca uma obviedade. E assim, de tempos em tempos, quedas econômicas voltam a acontecer, vitimando especialmente os mais vulneráveis.

Nos tempos das trevas

Agora que passamos da metade do microbook, é bom deixar claro que não existe uma só forma da crise vir à tona. Elas apresentam-se por diversas causas, aspectos, características e origens. E apesar de gerarem reações diferentes entre especialistas em economia, existem alguns casos comuns. 

São aquelas respostas simples para problemas complexos, com críticas usuais aos governos e aos regramentos do mercado financeiro, sem possibilidades reais de mudanças ou sugestões de novas formas de entender a circulação do dinheiro. 

Antes da ascensão do capitalismo, quase todas as grandes quebras tinham como origem erros de administração dos governos, em uma época de poucas teorias sobre como o dinheiro se move. Em países europeus, por exemplo, era comum ver a redução da circulação da moeda corrente ou mesmo da cunhagem de ouro e prata, com a tentativa malsucedida de colocar na população a crença de que o novo dinheiro teria o mesmo valor que o antigo.

Assim, tentava-se reduzir a crise aumentando o endividamento público, já que os governos podiam imprimir ainda mais dinheiro como forma artificial de resolver problemas financeiros coletivos. 

Da mesma forma que os governos cometiam o autoengano de buscar soluções simples para problemas complexos, o mercado financeiro de nosso tempo segue repetindo atitudes equivocadas, mas seguidas de maneira religiosa, com o intuito de manter o sistema econômico saudável. E quase nunca dá certo.

E a ganância?

Quando falamos sobre crises financeiras de escala global, é muito comum colocar a ambição desmedida de agentes dos mercados como uma de suas principais causas. Podemos pegar como exemplo o crash de 2008. Na época, foi comum ver analistas declarando que o sistema financeiro entrou em colapso quando a busca desenfreada de Wall Street por mais e mais lucro passou do ponto aceitável. 

Na realidade, mais do que o tamanho da ganância individual, são as estruturas de incentivo para a remuneração que fazem com que as crises tomem proporções irreversíveis. Quando o mercado financeiro permite que seus agentes possam triplicar os rendimentos com especulação pura e sem escrúpulos, temos à frente uma tragédia anunciada. 

É ilusório esperar responsabilidade de quem opera visando ao lucro, mesmo que para isso seja necessário um crash como os que já aconteceram. Se você se deparou com o caso de alguém que lucrou demais, mesmo em tempos de crise, entende na prática a importância de ter uma boa regulação, com os sistemas econômicos trabalhando de maneira responsável.  

Como as crises começam

Na crise de 2008, o boom teve início com as negociações desenfreadas de imóveis. Especuladores inexperientes começaram a comprar e vender lotes de terra como se fossem ações da bolsa de valores. 

Seus lucros duplicavam, em alguns casos até triplicavam, em questão de semanas. Houve situações em que em poucos dias foi possível multiplicar exponencialmente os valores negociados. 

Em uma época de economia cada vez mais baseada nas novas tecnologias, com grande incentivo para o público comum se aventurar no mundo das ações, brincando como se estivesse em um jogo, uma brincadeira, mais gente foi afetada pela reação em cadeia. Sem cautela, o desastre foi gigantesco.

A crise da primeira década deste século deixou claro que as quebras na economia não são um cisne negro, mas um cisne branco. Comum, ele aparece de tempos em tempos, dependendo do local frequentado por nós. Da mesma forma, o mundo financeiro deve ter em mente que vivemos sob um sistema programado para entrar em parafuso periodicamente. 

O colapso financeiro mais recente não foi o último. É bom estar atento. 

Notas finais 

Sempre que ouvimos uma análise sobre as grandes crises do mercado financeiro, é comum ouvir relatos históricos tratando a catástrofe econômica como um acidente de percurso na história da humanidade. Ouvir a profundidade dos conceitos de Nouriel Roubini sobre o tema nos permite ter outra percepção sobre o funcionamento dos mercados e do capitalismo como um todo. O autor deixa claro o quanto há vulnerabilidades oferecendo chances de crises periódicas de diversos níveis. Sem que haja maior regramento para um sistema mais justo, será comum ver crashes, quebras e depressões. 

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Quem escreveu o livro?

Nouriel Roubini (Istambul, Turquia, 29 de março de 1959) é um economista estadunidense, de origem judaico-iraniana, da Stern School of Business da Universidade de Nova York, desde 2009. É também presidente do grupo de consultoria RGE Monitor, especializado em análise financei... (Leia mais)

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