A ciranda das mulheres sábias - Resenha crítica - Clarissa Pinkola Estés
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A ciranda das mulheres sábias - resenha crítica

A ciranda das mulheres sábias Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Ficção e Desenvolvimento Pessoal

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN:  978-6555323597

Editora: Rocco

Resenha crítica

Um convite

Na primeira parte do livro, Clarissa Pinkola Estés apresenta toda a potência da mulher idosa. São elas as matriarcas que confortam as mais jovens, as sábias que passam seu conhecimento de vida para aquelas que vêm depois, as brincalhonas que ganharam nos anos o benefício de fazer piada sem medo.

“Ser jovem enquanto velha e velha enquanto jovem” – significa estar plena de um belo conjunto de paradoxos mantidos em perfeito equilíbrio”. A autora apresenta a mulher como uma reunião de contradições em harmonia. Ser velha é ser sábia e buscar novos conhecimentos, ser ousada e precavida, ser tradicional e original. É a maturidade de reconhecer as tradições e normas e ao mesmo tempo escolher seu próprio caminho. A jovem e a velha são duas figuras que convivem ao mesmo tempo em uma mulher. E em ambas habita a sabedoria.

A avó é a representação da mulher sábia, porém não é questão de idade. Ser sábia é comum a mulheres de todas as idades.

Nesse sentido, o papel das mulheres idosas é reconhecido pelo apoio que pode ser dado às mais jovens. A mulher velha percebe os perigos e riscos que a jovem não vê diante de si e muitas vezes é ela que ajuda a jovem a acordar – não o príncipe encantado, mas a velha, excêntrica, ousada, forte, bela, é ela que dá os conselhos que podem salvar a mais jovem.

"Quando uma pessoa vive de verdade, todos os outros também vivem”, dizia uma das avós de Clarissa. E é essa a mensagem que a autora traz, através da simbologia da velha: quanto mais uma pessoa vive a vida plenamente, mais ela inspira os outros a viver plenamente. Sem medos ou amarras, apenas sendo verdadeiros consigo mesmos.

A metáfora das árvores

Assim como uma grande árvore, uma mulher é muito mais do que sua copa e folhas. Uma mulher guarda sua força no que está abaixo da superfície, reunida nas raízes que dão sustento a seu ser.

A segunda parte do livro narra a história de um belo e imenso choupo, uma árvore simbólica para uma comunidade. Provendo sombra e descanso há anos para aqueles a seu redor, a árvore foi descoberta e cortada. O evento causou comoção. Porém, naquele resto de tronco dilapidado havia uma força não imaginada.

Dele nasceram 12 brotos, que renasceram mesmo após a matriz ser mutilada. É com essa bela metáfora que se revela a força escondida de uma mulher.Quando uma mulher se sente machucada, não significa que esse é seu fim. Ao contrário, quando é derrubada, ela pode encontrar aquilo de mais fundamental e intrínseco em si. “Por mais que ela tenha sofrido mutilações profundas, sua raiz radiante ainda está viva, ainda está produzindo e sempre estará à procura de vida significativa a céu aberto”, narra Clarissa.

Com as feridas, a mulher se torna cheia de recursos de cura, buscando em seu íntimo aquilo que move seu espírito e sua alma, reconstituindo sua integridade, elevando-se para a vida – muitas vezes uma vida nova, diferente da anterior. 

A autora incentiva as mulheres a observarem a resiliência que habita cada uma. Não importa que a camada externa tenha sido maltratada, essa força está com todas as mulheres o tempo todo, é uma guardiã secreta que guia cada uma delas.

E nessa fonte de renascimento reside o impulso de conhecer mais, de aprender, de aumentar o autoconhecimento e de não ser silenciada. Ao invés de afirmar para si mesmas “Eu não posso fazer isso”, essa força encaminha  mulheres a perguntar: "O que eu preciso reunir para poder fazer isso?”.

As avós que dançam

Quando Clarissa era criança, com quase sete anos, recebeu em sua casa quatro anciãs da família. Eram idosas vindas de localidades da Hungria até a Rússia, que haviam passado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial, aprisionadas em campos de trabalho forçado. Agora, procuravam abrigo com a família radicada nos Estados Unidos.

Depois de anos de sofrimento, elas finalmente poderiam construir uma vida de paz. Mais do que isso, a autora conta que essas senhoras salvaram sua vida. Foram elas que ensinaram à autora que, embora derrubada e massacrada, uma mulher pode voltar a crescer. Destituídas de sua terra natal, de sua família, de seu conforto, humilhadas por anos, mesmo assim se agarraram ao eu fundamental, aquele imutável, para mesmo na velhice seguir genuinamente vivendo.

A história destas quatro anciãs ensina o supremo poder da terceira idade. São mulheres que, assim como o choupo, foram feridas e se reergueram. Mais que isso, ensinaram sobre estar constantemente animada, sobre não se calar em certos lugares ou diante de situações ruins.

Uma das narrativas mais marcantes protagonizadas por essas senhoras é a do casamento. Na tradição que herdaram, o noivo deve ser “morto” antes da noite de núpcias. E foi a essas senhoras que coube a tarefa.

Munidas de sua audácia e bom humor, elas aguardaram pacientes enquanto a noite de festa avançava – até que noivo e amigos convidaram-nas para dançar. Eles pensavam que estavam fazendo uma ação respeitosa, mas mal sabiam o plano das quatro. Rodopiando com energia e vigor, elas dançaram repetidas músicas, passando o noivo de braço em braço, sem descanso. A gargalhada geral inundou o salão, que se inspirou com a alegria daquelas avós.

Foi só quando elas se sentiram satisfeitas e confirmando que aprovaram o noivo, é que ele pode deixar, cambaleante, a pista de dança. E foi nessa dança que as velhas deixaram seu legado aos mais jovens. Eles “tinham sido contagiados com o vigor da velhice”. Todos entenderam que na velhice os esperava uma vida boa, decente, alegre.

“Tornar-se idoso não resulta simplesmente em ter vivido muitos anos, mas decorre mais daquilo que nos tornamos ao longo desses anos, daquilo com que estamos nos preenchendo neste momento e até mesmo a partir do modo pelo qual nos formamos antes que chegássemos a envelhecer muito”, incentiva a autora. Mais do que viver bem? É ser inspiração. “Se você viver sua vida profundamente a seu próprio modo e da melhor forma possível, sua vida passa a ser não apenas um exemplo, mas um banquete para outras”.

Notas finais

A ciranda das mulheres sábias é um grande incentivo para que vivamos nossa vida da melhor forma que possível. É assim que cada pessoa pode se tornar uma fonte de inspiração para quem está ao seu redor e para quem vem depois.

Com beleza e magia, Clarissa Pinkola Estés nos provoca em cada conto, elevando o lugar da mulher idosa ao mais sublime. É uma valorização da idade, do conhecimento e da história que toda mulher vive e viverá.

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Quem escreveu o livro?

Estés é uma psicóloga junguiana, escritora e poeta, espe... (Leia mais)

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